Buscávamos um carro que tivesse uma ligação visual com o personagem principal.
Devido a essa dificuldade resolvemos mudar o foco e buscar um carro mais brasileiro.
E assim, depois de algumas semanas nesta constante busca surgiu o querido Passat que estava embaixo do nosso nariz.
Quando vimos o carro, ao vivo, tivemos certeza que a busca chegava ao fim.
Foto: Leandro Telles
viajei nesse passat uma boa parte do caminho até a praia, e como Eva está morta, viajei de olhos fechados.
ResponderEliminara velocidade tinha que ser lenta (muito lenta para uma estrada), tínhamos um carro da polícia e outro da Ecovia (é isso mesmo?) acompanhando a equipe numa fila de três carros com o pisca alerta quase sempre ligado.
nessa cena da foto, em que a camera está na frente do carro, nossos acompanhantes sumiam de vista. eramos eu, passat e bruno na estrada, com a câmera à frente e um rádio de comunicação pra ouvir as indicações do diretor. ("bruno, liga o pisca alerta!")
("pode ir!") e fomos mesmo, devagar pela estrada, calor, pouco vento no rosto e de olhos bem fechados. "e de olhos bem fechados" só eu,,, bruno (pelamordedeus) de olhos bem abertos.
quem é que na estrada não gosta de olhar pra ver o que é que tá acontecendo? ver se não vem carro na hora de sair, se vem vindo carro atrás? pois bem, eu quis ver, mas não vi.
esse ato de entrega é uma das coisas mais bonitas que eu aprendi fazendo teatro: eu me jogo!, e acredito sempre que o outro vai me segurar.
permaneci sentada no carro de olhos fechados como se estivesse cochilando na sala de uma casa de praia, pensando em tudo isso e concluindo que é maluca e bonita essa profissão que me faz ver de outros ângulos o que eu normalmente veria apenas à maneira de Carolina.
todos os carros passavam por nós. eu ouvi! : )
e se me permitem concluo um pouco mais...
é bom às vezes não reagir. não olhar. deixar de querer controlar, saber. falar, falar, falar. ver, ver, ver.
na vida existem esses momentos de entrega, onde a gente segura numa outra mão e se deixa guiar. pode ser na mão de alguém maior, pode ser na mão de alguém menor, pode ser numa mão que não se vê. o importante é não parar. é ir.
não é?
ah! esse passat é o máximo! ele 30 anos, a minha idade.
ih! seria bom também contar da cena do passatão na areia da praia. mas já escrevi muito. quem quer contar???
escreve, povo!